quarta-feira, 18 de novembro de 2009

(MERCADO FONOGRAFICO) FECHAMENTO ABRIL MUSIC NO ANO DE 2002

Quem pensava que 2002 tinha sido o ano do fundo do poço para o mercado fonográfico não acertou o ano de 2003 foi ainda mais sombrio. A puxar o bonde das más notícias para o ano do inicio das duras mudanças no Mercado Fonografico, está o Fechamento da gravadora Abril Music. Os motivos na época alegados pela direção do selo para fechar as portas foram a dura concorrência com as gravadoras multinacionais e a escalada da pirataria de CDs. O fim da Abril Music representa mais um mau prognóstico para o mercado brasileiro de discos, que – de forma paradoxal – faturou mais em 2002 do que em 2003, mas viu o número de CDs vendidos cair e muito, e de lá até o ano de 2009 tem caído mais e mais.

Dona de um cast totalmente brasileiro, com 48 nomes, a Abril detinha o passe de artistas de alto conceito como Rita Lee, Gal Costa, Marina Lima, Los Hermanos, Erasmo Carlos e Titãs; além de atrações de alto potencial de popularidade, como Frank Aguiar, Maurício Manieri, CPM 22, Twister, Capital Inicial (que vendeu cerca de dois milhões de cópias de seu Acústico MTV desde 2000) e Bruno & Marrone. Em comunicado oficial à imprensa, Giancarlo Civita – vice–presidente superintendente da Unidade de Negócios Jovem da editora Abril e responsável pela gravadora – explicou a decisão de fechar o selo: “Em 4 anos de operação, a Abril Music conseguiu ótimos resultados e vitórias importantes. Esse mercado, entretanto, é dominado pelas multinacionais e extremamente competitivo e, para complicar a situação, a pirataria na indústria fonográfica já ultrapassa 50%. Para continuar concorrendo, teríamos de injetar um capital significativo, a curto prazo – o que não temos condições de fazer nesse momento.”



Ainda segundo a adminstração da gravadora, os contratos da Abril serão negociado com outros selos. Desde o ano de 2002 pipocavam rumores de que a Abril seria vendida para uma gravadora multinacional – mais especificamente, a BMG –, sempre negados por ambos os selos. Entretanto, tais rumores já tinham sido suficientes para causar o afastamento gradual de nomes como Rita Lee e Marina Lima (que adiou a gravação de seu Acústico MTV por conta da indefinição de rumos da Abril). A maior parte dos cerca de 60 funcionários da Abril Music foram demitidos.
Em 2002, a Abril abocanhou 4,7% das vendas de CDs no Brasil, ficando em sétimo lugar no ranking das maiores gravadoras – atrás da Universal (21,8%), Sony Music (16,3%), Warner (14,8%), BMG (14,8%), Som Livre (14,6%) e EMI (12,1%). Essa fatia de uma movimentação de mais de um bilhão de reais (R$ 1.042.300.000, mais exatamente) não foi o suficiente para manter a gravadora. Os números do business fonográfico são curiosamente contraditórios. Apesar do faturamento com a venda de CDs ter aumentado em relação a 2001 – uma subida de 4,4%, segundo a Associação Brasileira de Produtores de Discos –, a quantidade de discos vendidos vem caindo ano a ano. Os 105 milhões de CDs comercializados em 1998 cairam para menos de 80 milhões em 2002. No mesmo período, a participação das vendas de CD no faturamento geral do comércio caíram de 0,85% para meros 0,07%. Na Grande São Paulo, maior centro comercial do país, a queda de faturamento com vendas de CDs foi de 39% de 2001 para 2002. Nem o Natal conseguiu dar alento aos vendedores de discos.
A pirataria é vista como a grande vilã desse cenário. Apenas a China supera o Brasil em números absolutos de CDs piratas; calcula–se que pelo menos 40 milhões de discos falsificados tenham sido vendidos no ano passado, perfazendo nada menos que metade do mercado oficial. Desde 1997, a pirataria aumentou mais de espantosos 1300%, partindo dos magros três milhões de CDs piratas vendidos naquele ano. Tudo isso, claro, são dados estimados, já que o combate e o mapeamento da ação dos fabricantes de CDs piratas ainda engatinha.
Internet. A febre de downloads de música no formato MP3 via internet também tem seu papel nessa decadência, ainda que bem menor que a importância da pirataria física. Mais grave é a crise econômica que assola o país há anos e que encolhe o poder aquisitivo do comprador.
Segundo alguns diretores de gravadoras, a busca de um formato que substitua tanto o CD quanto o MP3 pode ser a solução. “Tem de surgir um novo modelo. Até porque precisamos combater tanto a pirataria digital quanto a física”, afirmou Marcelo Castello Branco, presidente da Universal Music. João Augusto, presidente da DeckDisc, pensa algo parecido. “O CD vai acabar, assim como o LP e a fita cassete. Nos EUA e no Japão, onde as conexões de alta velocidade à internet estão se popularizando cada vez mais, a queda na venda de CDs está cada vez maior porque as pessoas estão se interessando muito mais pelo MP3″, disse Augusto. Nessa encruzilhada sem soluções fáceis é que a Abril Music acabou pedindo o boné. [Webinsider]

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